Eleito o Novo Administrador da nossa Diocese de Luz

Em razão da transferência e Dom Antônio Carlos Félix para a Diocese de Governador Valadares – MG, o Colégio de Consultores da Diocese de Luz, reuniu-se na manhã de hoje, 21 de maio, na Cúria Diocesana e elegeu como o novo administrador da vacante o padre Antônio Campos Pereira.

O Administrador Diocesano é aquele que estará à frente da Diocese, representando-a diante da Santa Sé e da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), animando a sua vivência pastoral, promovendo a sua unidade e incentivando a prática da fé com todos os seus desdobramentos, durante o período de vacância da Diocese. O novo administrador desempenha o serviço juntamente com o Colégio dos Consultores Diocesanos.

Padre Antônio como administrador, tem como responsabilidade as questões sacramentais administrando assim o sacramento da crisma. Nas questões administrativas e jurídicas tem a mesma autoridade do bispo, exceto naqueles assuntos limitados pelo Código de Direito Canônico.

De acordo com o Colégio dos Consultores permanecerá tudo aquilo que foi programado no calendário cumprindo-se, portanto, todas as atividades da agenda diocesana. Cabe-lhe a tarefa, em comunhão com o presbitério e as lideranças pastorais manter tudo que já existe, aprofundando a consciência e corresponsabilidade na missão evangelizadora, preparando a Diocese para a chegada do novo bispo.



Padre Antônio

Padre Antônio, tem 59 anos, é natural de Japaraiba – MG. Estudou Filosofia e Teologia na PUC-MG. Foi ordenado no ano de 1986 na cidade natal. É formado em Psicologia.

Na Diocese exerceu as funções de Pároco, Reitor da Teologia, membro dos Conselhos Diocesanos e Coordenador Diocesano de Pastoral. Atualmente é missionário na Diocese de Guajará-mirim, em Rondônia.

O Vocacionado ao Sacerdócio é Chamado a Ser Luz para o Mundo..


A vida e a missão do padre devem orientar-se pela identidade presbiteral. Significa que a identidade do presbítero deve informar toda sua vida e missão, infundindo-lhes valor e sentido próprios. Ora, os elementos constitutivos da identidade de uma pessoa
são indicados pelo estado de vida e o papel social; a vocação e a profissão.
A existência sacerdotal específica dos ministros se funda na existência sacerdotal comum de todos os cristãos, originada no batismo. Por isso, antes que o sacerdote possa ser enviado ao seu serviço específico, ele deve mostrar que é um cristão como deve ser.
Realmente, ele só pode ensinar aos outros o ser cristão, se ele mesmo vier a ser modelo vivo do ser cristão. Nisso, ele poderá, até mesmo, aprender com outros cristãos. Antes de ser pastor, o presbítero é uma ovelha do rebanho de Cristo.
Neste sentido, o padre pode traduzir para si a célebre frase de Santo Agostinho:
convosco sou cristão, para vós sou presbítero'. Para poder ser presbítero para os outros, é preciso primeiramente ser cristão com os outros.
Na linguagem da Igreja Católica, o padre recebe vários nomes e é apresentado com várias imagens. Na Bíblia, dar nome aos seres equivale a designar sua identidade.
Para quem recebe o segundo grau do Sacramento da Ordem, prevalece hoje a designação de presbítero. Presbítero designa o ‘ancião’, o adulto já experimentado na vida, que se tornou sábio, mestre, conselheiro e guia. De fato, o presbítero deve ser ‘Mestre da Palavra, Ministro dos Sacramentos e Guia da Comunidade’.

O presbítero é ‘padre’, ‘pai’...
Um homem é pai se possui as capacidades naturais da paternidade e quando tem filhos. Ao receber o segundo grau do Sacramento da Ordem, o presbítero recebe as potencialidades da paternidade espiritual e quando o bispo lhe confere jurisdição designa-lhe um povo, a fim de que venha a ser dele o ‘Pai Espiritual’, com a função de gerar, nutrir, educar, organizar e levar à plenitude uma comunidade do Povo de Deus.

O presbítero é ‘sacerdote’...
Porque, em virtude da Ordenação, ele é consagrado a Deus, entra em estado de exclusiva propriedade do Senhor, não é mais dono de si mesmo, da sua própria vontade,
pois foi “escolhido para anunciar o Evangelho de Deus” (Rm 1, 1).
O caráter sacramental da Ordenação o atinge em tal profundidade, que orienta todo o seu ser e o seu agir, de modo que ele ‘consagra’ tudo o que faz.

O Presbítero é ‘ministro’ ordenado e sua ação é ‘ministério’...
Ora, ministro é uma pessoa a quem outra pessoa entregou uma tarefa ou função,
para que a realize, em sua subordinação, mas com responsabilidade, para o bem da comunidade. No ministério ordenado, há o encontro de pessoas, em que Cristo entrega ao ministro uma função e este a recebe e assume, em subordinação responsável, para realizá-la pelo bem da Igreja.

O presbítero é ‘pastor’ como Cristo-Pastor...
As virtudes pastorais de Cristo devem vir a ser as virtudes pastorais do presbítero.
A parábola do Bom Pastor (Jo 10, 1-18) pode ser tomada como texto inspirador. Ela oferece um retrato acabado do Bom Pastor e do ‘verdadeiro pastor do Povo de Deus’.

Finalmente, participando da missão de Cristo, o vocacionado ao sacerdócio é chamado a ser: a porta, pela qual as ovelhas passam para escutar a voz do Supremo Pastor; o mestre, que conhece suas ovelhas e elas o conhecem; o sacerdote, que ama suas ovelhas e dá sua vida por elas; o guia, que conduz suas ovelhas às boas pastagens, a fim de que tenham vida plena; o missionário, que vai em busca das ovelhas desgarradas; o servo, que atua junto às ovelhas, não para servir-se delas, mas para servi-las, com misericórdia.
Tenha sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir, e para buscar e salvar o que estava perdido.

Dom Antônio Carlos Félix
Bispo Diocesano de Luz

Os Presbíteros sejam Pastores




Tendo diante dos olhos a identidade presbiteral e as novas circunstâncias de nosso tempo, o presbítero deve ter em vista ser pastor do povo de Deus, discípulo, missionário, servidor, amigo dos pobres e misericordioso com os fracos.







Os Presbíteros sejam Pastores DISCÍPULOS de Cristo!
Criatura de Deus, pela criação, e ‘filho no Filho’, pela redenção, o presbítero, por vocação, deve viver como discípulo de Jesus Cristo. Pelo fato de ser enviado para anunciar a Boa Nova, deve, antes, estar com Ele (Jesus). O missionário inicia sua caminhada com o discipulado. Realmente, o caminho mais sábio para vir a ser Pastor, “mestre da Palavra, guia da Comunidade e ministro dos Sacramentos” é tornar-se discípulo de Cristo. A experiência do discipulado de Cristo ensina todas as virtudes, comportamentos e atitudes, que devem ornar a personalidade de um verdadeiro pastor: a sabedoria de um verdadeiro mestre, a autoridade de um autêntico guia e o serviço de um humilde ministro.

Pelo fato de os presbíteros serem aprendizes na escola do discipulado, convém insistir na originalidade do seguimento de Cristo. O discipulado de Cristo não os vincula a algo transcendente, à lei ou a um programa, mas a Cristo, pessoalmente. De fato, no início do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, assim, o rumo decisivo. Além disso, o seguimento de Cristo não se equipara ao seguimento de outros mestres. Estes podem indicar o caminho e apontar a porta, mas não são o caminho nem a porta. Quando encontramos o caminho, podemos legitimamente esquecer o líder ou mestre. Cristo, porém, sendo Deus, é ‘Caminho, Verdade e Vida’. Assim, seguir o caminho é entrar no Caminho, é entrar em Cristo e Cristo em nós, numa profunda ‘interioridade mútua’, formando como que uma ‘única personalidade mística’. É assim que a ovelha se torna um pastor; o discípulo, um mestre; o seguidor, um guia; o servidor, um ministro.


Os Presbíteros sejam Pastores MISSIONÁRIOS da Boa Nova...
Os chamados ao seguimento de Cristo, já parecidos com o Mestre, têm condições de serem enviados a anunciar o Evangelho do Reino de Deus, animados pelo Espírito Santo. Ora, os padres são os primeiros agentes de uma autêntica renovação da vida cristã no povo de Deus. Especificamente, “a renovação da paróquia exige atitudes novas dos párocos e dos padres que estão a serviço dela. A primeira exigência é que o pároco seja autêntico discípulo de Cristo, porque só um padre apaixonado pelo Senhor pode renovar uma paróquia. Mas, ao mesmo tempo, deve ser ardoroso missionário que vive o constante desejo de buscar os afastados e não se contenta com a simples administração”.

Para ser presbítero-missionário no Brasil requer-se atenção especial, pois a superação de longa tradição da pastoral de conservação para uma evangelização missionária inovadora supõe a adoção de novos modelos de pastoral: novas metas supõem ‘novo ardor, novos métodos e novas expressões’ evangelizadoras.

Os Presbíteros sejam Pastores SERVOS do Povo...
É comum que os “chefes das nações as dominem e os grandes as oprimam. Entre vós, porém, não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja quem vos serve e quem quiser ser o primeiro entre vós seja vosso servo”. Ora, a tendência de dominação, em nosso tempo, agravou-se pelo processo de competição como sistema dominante.

Os presbíteros não devem ser assim. Antes, devem seguir o exemplo de Cristo, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”. Lembrem-se os presbíteros que o diaconato que receberam é provisório como grau hierárquico, mas é permanente como caráter sacramental: o presbítero sempre será sacramentalmente diácono.

Os Presbíteros sejam Pastores AMIGOS dos pobres...
“A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé Cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza”. Logo, “essa opção nasce de nossa fé em Cristo, o Deus feito homem, que se fez nosso irmão”. Tal opção “deve perpassar todas as nossas estruturas e prioridades pastorais”. Assim, o padre, com toda a Igreja, deve ser qualificado como “advogado da justiça e defensor dos pobres”; como próximo, amigo e irmão dos pobres.

Os Presbíteros sejam Pastores MISERICORDIOSOS com os fracos...
Na Carta aos Hebreus, a misericórdia é característica dominante da novidade do sacerdócio inaugurado por Cristo, que “se fez em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas que se referem a Deus, a fim de expiar os pecados do povo”. Pois, “Ele sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque Ele mesmo está cercado de fraqueza”.

Por outro lado, a nova situação cultural, pluralista e globalizada, é muito sensível a todo tipo de comportamento que não leve em conta as diferenças. Tais comportamentos são considerados como inaceitável discriminação. Isto exige dos Pastores da Igreja largueza de ânimo, grandeza de alma e espírito bondoso, que saibam ir além das fraquezas humanas. O pastor de nosso tempo tem que ser a imagem viva de ‘padre do filho pródigo’.

Enfim, Modelo de Presbítero é o CRISTO-PASTOR...
“O sacerdócio ministerial é participação na Igreja do mesmo sacerdócio de Cristo”. Logo, o presbítero deve ser pastor como Cristo-Pastor. As virtudes pastorais de Cristo devem vir a ser virtudes pastorais do presbítero. A parábola do Bom Pastor pode ser tomada como texto inspirador: ela oferece um retrato acabado do Bom Pastor e do verdadeiro pastor do Povo de Deus.

Por isso, ao ser ordenado padre, o vocacionado participará da missão de Cristo e deverá ser: a porta, pela qual as ovelhas passam para escutar a voz do Supremo Pastor; o mestre, que conhece suas ovelhas e elas o conhecem; o sacerdote, que ama suas ovelhas e dá sua vida por elas; o guia, que conduz suas ovelhas às boas pastagens, a fim de que tenham vida plena; o missionário, que vai em busca das ovelhas desgarradas; o servo, que atua junto às ovelhas, não para servir-se delas, mas para servi-las, com misericórdia.

Tenha sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir, e para buscar e salvar o que estava perdido.


Dom Antônio Carlos Félix
Bispo da Diocese de Luz - MG

Habemos Papam: Papa Francisco I


O dia 13 de março de 2013, foi um dia especial para nós católicos de todo o mundo. Foi com muita alegria que recebemos a notícia da eleição do Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, que escolheu o nome de Francisco I. Ele sucederá Bento XVI que renunciou ao pontificado no último dia 28 de fevereiro.
 Em sua primeira bênção, para uma Praça de São Pedro lotada de fiéis, apesar da chuva, o novo Papa afirmou que “parece que seus colegas cardeais foram buscar o Papa no fim do mundo”, em uma referência à sua terra natal. Ele foi muito simpático e bastante espontâneo na sua fala.
 Francisco I também agradeceu ao seu predecessor, o agora Papa Emérito Bento XVI, e rezou um Pai Nosso e uma Ave Maria na sua intenção. A seguir, pediu aos fiéis que rezassem pelo seu pontificado que se inicia. A multidão de mais de 50 mil pessoas fez um profundo silêncio.
 A escolha do Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para Papa surpreendeu a todos, pois ele não aparecia nas listas de favoritos, que incluíam o brasileiro Dom Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola.
 Francisco I assume o pontificado com a função de manter a unidade da Igreja. Ele tem 75 anos de idade. Nasceu aos 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires. Em março de 1958, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus (Jesuítas). Em 1963, estudou humanidades no Chile, retornando posteriormente a Buenos Aires. De 1967 a 1970, estudou teologia. Em 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote.
Rezemos pelo Pontificado de Francisco I. Viva! Temos Papa!


Dom Antônio Carlos Félix
Bispo Diocesano de Luz

“Recebe a oferenda do povo para apresentá-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor”


Há poucos dias, celebrava mais uma Eucaristia tendo diante dos olhos aquela Igreja repleta de fiéis em busca de um alento espiritual e de um encontro pessoal com o Senhor. Nos meus quase 9 anos de vida ministerial fui aprendendo com o tempo que o único cansaço que o padre deve sentir é aquele que surge após uma tentativa exaustiva de levar Deus ao coração dos irmãos e irmãs mais próximos. Neste sentido a Santa Missa produz em mim uma grande estafa. Em meio a ritos litúrgicos, tão necessários para expressar o mistério divino, me vejo como um instrumento nas mãos de Deus, que deve dar o máximo de si para que outros experimentem a beleza de estar em comunhão com o Senhor.
Naquela Missa senti um cansaço terrível. Respirei fundo e em oração supliquei ao Senhor, motivo de eu estar ali, que me acalentasse e sustentasse. Em minha mente vinham pensamentos que confrontavam meus desejos particulares com um projeto bem maior. Perguntava-me sobre o que Deus queria dizer com aqueles sinais interiores. No momento da genuflexão, logo após apresentar o Corpo de Cristo à assembleia reunida, senti um enorme peso nas pernas que quase não foram capazes de elevar novamente meu corpo físico à posição de continuar a consagração. Estranhei. Rezei o segundo momento da consagração e ao elevar o cálice pouco acima do altar senti agora, não mais a dor sobre minhas pernas, mas um peso terrível, quase insuportável sobre meus braços.
Contemplei Jesus Eucarístico. Naqueles poucos segundos um filme passou em minha cabeça. Retornei no tempo, recordei o dia da minha ordenação presbiteral, acontecida aos 19 de junho de 2004. Entre tantos ritos que compõem o Sacramento da Ordem quando se reza a ordenação presbiteral, somente um tomou plenamente conta de minha mente. Senti a profundidade e o peso das palavras do meu bispo quando, ao entregar-me o cálice com a patena, disse: “Recebe a oferenda do povo para apresentá-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor”.

Fiz novamente a genuflexão e eis que as palavras ditas há quase 9 anos atrás ressoou mais forte em meus ouvidos: “Recebe a oferenda do povo para apresentá-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor”.  Naquele instante não tive dúvidas de que Deus “sussurrava como um trovão” em minha consciência ministerial. Sim, “sussurrava como um trovão”, pois Deus é suave, mas seu ensinamento nos confronta como um trovão. Amedronta, mas também nos faz zelosos para com seus mistérios.

Outros poucos segundos se passaram até que me colocasse de pé e ao olhar a patena com o Corpo de Cristo e o cálice, com o Sangue de Cristo, sobre o altar, senti a voz trêmula e a emoção de poder dizer aos que ali estavam para encontrarem o Senhor: “Eis o mistério da fé”[2]. Continuei celebrando, mas aquelas palavras não me abandonavam. Parecia que o Senhor queria que eu experimentasse a doçura e ao mesmo tempo o peso destas palavras que, para alguns, passam despercebidas durante o rito da Ordenação; para outros, durante toda a vida ministerial.

“Recebe a oferenda do povo para apresentá-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor”. Mudando o discurso para o plural: somos ministros sagrados do Senhor. Nosso dever é coletar com nossa vida todas as oferendas que o povo de Deus apresenta. Tais oferendas contemplam as alegrias de ser um povo eleito, mas também as dores que dilaceram a caminhada de tantos irmãos e irmãs. Principalmente na dor, estes nos procuram para sermos para eles como ponte, capaz de ligar suas angústias e dores Àquele que carregou nos ombros o fardo dos nossos pecados. Assim sendo, não podemos, jamais, deixar de acolher – para, depois, apresentar – as oferendas apresentadas a Deus por este povo escolhido, representadas no pão e no vinho, colocados sobre o altar. Este simples sinal material traz consigo o peso do mundo marcado pelas dores de tantos e tantas que não possuem outra coisa senão o consolo de Deus.

Ao tomarmos na mão o pão e o vinho como símbolos desta oferta de vida, devemos nos conscientizar de que nossa missão maior é ser sinal de esperança em meio ao mundo marcado por desilusões. Nós, presbíteros, não somos funcionários do sagrado e nem devemos nos sentir assim. Somos homens de Deus, marcados pela Graça Sacerdotal do Senhor, para levar Sua paz e serenidade, principalmente àqueles que perderam o sentido da vida. O próprio Cristo disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenamente” (Jo 10, 10). Como seguidores do Salvador, somos chamados a promover esta vida em plenitude onde quer que estejamos.

Por isso devemos conformar nossa vida a vida de Cristo. A busca de compreensão do que significa ser ministro do sagrado passa por uma espiritualidade de escuta atenta dos desígnios de Deus e uma conformação de nossa vida com a do Senhor.  Essa se dá na vivência do que é próprio do presbítero: homem de oração, chamado a consagrar e levar Cristo aos irmãos e irmãs; exemplo de caridade e compreensão; homem paciente, acolhedor; sinal de reconciliação a exemplo de Cristo que tudo perdoa. Enfim, devemos ser Bons Pastores como Jesus o foi. Mesmo que o cansaço, produzido pelas inúmeras atividades pastorais e administrativas do nosso dia-a-dia nos tire a consciência do que somos, é na oração e no convívio fraterno entre nós sacerdotes – que desempenhamos esta mesma vocação – que encontraremos as forças necessárias, juntamente com o discernimento do Espírito, para compreendermos nosso papel em meio a este mundo.

Por fim, posso dizer que aquela celebração eucarística mudou drasticamente o meu modo de perceber os mistérios e desígnios de Deus. Percebi que o cansaço não era somente físico, mas antes de tudo espiritual: elevar e apresentar o Corpo e Sangue de Cristo para os fiéis que o buscam sedentos pesa sobre meus braços e pernas, não porque Jesus Cristo seja um fardo pesado, pois Ele mesmo disse: “meu fardo é leve e o meu jugo é suave” (Mt 11, 30), mas sobretudo porque deixo, muitas vezes, de “conformar” minha vida à vida do Senhor.

O cansaço espiritual nasce da falta de sintonia com Deus, da falta de comunhão de projetos. Nasce do egoísmo de querer viver um ministério “individual”. De querer ser sacerdote por status ou por interesse. Todas as vezes que levantarmos Jesus Cristo nas espécies do pão e do vinho sobre o altar, tendo estas motivações mundanas no coração e na mente, Ele nos fará sentir, em nosso corpo físico, que algo deve ser mudado.

Aproveitemos esse tempo de mudança vivido na Igreja de Jesus. Tenhamos como exemplo a docilidade de espírito e a capacidade de reconhecer a grandeza de Deus que teve Sua Santidade Bento XVI, o nosso querido Papa Emérito. Reconheçamos que a “Igreja não é minha, não é nossa, mas é do Senhor”[3] e tomemos consciência de que, somente conformando nossa vida à vida do Cristo Salvador, seremos capazes de oferecer um “Sacrifício que realmente seja aceito por Deus Pai[4], sem peso nem temor, vivendo somente a graça de sermos livres no amor.


Pe. Fábio Geraldo da Costa
Formador da Comunidade de Teologia - Belo Horizonte-MG
Aos 28.02.2013 – último dia do Pontificado do Papa Bento XVI.




[1] Pontifical Romano, Ordenação do Bispo, dos Presbíteros e Diáconos, 3 ed. Conferência Episcopal Portuguesa, p. 107. [Arquivo em pdf em: http://www.liturgia.pt/pontificais/Ordenacoes.pdf, acessado em 28.02.2013].
[2] Missal Romano, Oração Eucarística I, 6 ed., Paulus, São Paulo 1992, p. 473.
[3] BENEDETTO XVI, Udienza Generale del Mercoledi 27.02.13. [em: www.vatican.va acessado em 28.02.2013].
[4] Missal Romano, Rito da Missa com povo, 6 ed., Paulus, São Paulo 1992, p. 403.

RAZÕES PARA SER PADRE...




 Na sociedade atual, hedonista e secularizada, a figura do Padre é objeto de muita discussão, inclusive através da mídia. 
Frequentemente, pessoas que pouco entendem do assunto, se permitem a audácia, talvez até com boa intenção, de dar sugestões sobre como deveria ser o sacerdócio católico.
O Presbítero, habitualmente chamado pelo povo de Padre, possui o segundo grau do Sacramento da Ordem. Portanto, é Sacerdote, assim como o Bispo, que tem a plenitude deste Sacramento.
Nesta reflexão, vamos considerar algumas razões para ser Padre, isto é, participante do Sacerdócio de Jesus Cristo, hoje e sempre.
Primeiramente, é preciso compreender que o Padre foi chamado por Deus. Não é uma vocação que alguém escolhe, porque se julga apto para tal, ou porque acha interessante. A escolha é de Deus, e o seu chamado não se discute. Por isso, o sacerdócio é um privilégio, imerecido. Quando da eleição dos Apóstolos, e também dos discípulos, Jesus passou a noite em oração. Pela manhã, Ele escolheu os que queria para o seu grupo, com os quais fundou a sua Igreja, que subsistirá até o fim dos tempos – a Igreja Católica Apostólica Romana.
O Padre é homem de Deus. Esta é sua característica fundamental. Tudo que se queira acrescentar à sua figura são detalhes acidentais. Jesus, aos 12 anos, afirmou: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49). Tal é a realidade mais profunda do Padre – as coisas do Pai. Isto não impede que seja uma pessoa politizada e comprometida com a realidade que o cerca. Não se trata de fazer política partidária, que não compete ao ministro ordenado, mas da orientação ao seu rebanho para a prática da cidadania e um posicionamento segundo a moral cristã, sempre tendo em vista o bem comum.
Apesar do secularismo, a que já aludimos, o homem hodierno busca, sequiosamente, o rosto de Cristo. Por isso, o Padre é chamado a ser representante do próprio Senhor: ele o torna novamente presente. E quanto mais transparente e mais perfeita for essa presença, melhor responderá às indagações dos que a procuram. Nosso pranteado Papa João Paulo II nos exortava a contemplar o rosto de Cristo, para revelá-lo aos outros. Chegou a dizer que os Padres são o “Coração de Jesus” – expressão forte, que significa o amor de Jesus, divino e humano, que o Padre deve transparecer, através da missão que exerce. O povo quer ver, tocar, perceber, ouvir o Cristo na pessoa do Padre. Por isso, a palavra do Padre não é dele mesmo, mas é a Palavra de Deus. O toque sacramental do Padre não é um toque meramente humano, mas ultrapassa esta dimensão e penetra no divino, do qual o sacerdócio é, de fato, mediação. Esta configuração ao Cristo tem profundas raízes teológicas, que atestam a exclusividade do sacerdócio para os varões, como participação no único e eterno sacerdócio do próprio Cristo.
Jesus não escolheu nem sua própria Mãe Santíssima, para compor o grupo daqueles que seriam a base apostólica da sua Igreja. Mas não é nosso propósito discutir este assunto, no presente texto. Apenas confirmamos a posição da Igreja, em nome de quem o Papa João Paulo II falou, quando expôs, claramente, seu ensinamento a este respeito. Ainda segundo o saudoso Papa, na sua Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis – “Dar-vos-ei Pastores segundo o meu Coração” (Jr 3,15), de 25 de março de 1992, o Padre tem que possuir 5 qualidades essenciais:
Ser homem, física e psicologicamente, sadio.
Ser pessoa de oração, portanto piedoso. Pietas, em latim, significa um devotamento filial aos pais. O Padre deve ter um afeto filial, carinhoso para com Deus, nosso Pai, e é a partir desse modelo, que ele vai buscar a delicadeza paterna, e materna, que demonstrará na sua experiência humana de diálogo com o mundo de hoje, homens e mulheres do nosso tempo.
Ser uma pessoa culta. A formação intelectual de um Padre exige um mínimo de 7 anos de estudos universitários, incluindo as Faculdades de Filosofia e de Teologia, além da comprovada competência pastoral.
Ser um verdadeiro pastor. Deve conhecer os problemas que se abatem sobre a humanidade, para dar a resposta pastoral necessária, dentro de uma visão eclesial coerente.
Ser um elemento de equipe, que saiba viver em comunidade e para a comunidade. Que nunca trabalhe só, a não ser nas coisas do trato direto com Deus. Tudo o mais seja feito em conjunto com a comunidade a que ele serve. Isto exige afabilidade, equilíbrio e capacidade de diálogo.
Como seguidores de Cristo, os Apóstolos tiveram que deixar tudo: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim” (Mt 10,37). Trata-se da doação integral da pessoa e da sua capacidade de amar, para que Cristo dela disponha em favor dos mais necessitados: os pobres, os pecadores, os que sofrem de múltiplas carências, os que nos procuram para aconselhamento. Para estar disponível a tudo isto, permanentemente, é preciso ter um amor exclusivo. São Paulo diz, claramente: “O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa” (1Cor 7,32-33). Portanto, tem um coração dividido. O Padre não pode viver assim. O seu amor, as suas energias, a sua competência, tudo deve estar a serviço das ovelhas do seu rebanho. Por isso, a Igreja, desde os primórdios, introduziu o celibato, seguindo a exigência que Jesus fez aos Apóstolos sobre deixar tudo. Apesar do que afirmam as críticas apressadas a esta norma antiquíssima, o celibato sacerdotal não é a causa de eventuais problemas afetivos. O Pontifício Conselho para a Família tem afirmado, muitas vezes, que se encontram na família os maiores problemas da atualidade, sob qualquer ponto de vista: pastoral, social, cultural. Não adianta querer resolver uma suposta carência afetiva na vida do Padre, apelando para o Matrimônio, como se fosse à solução mágica. Na vida a dois também há solidões. E muitas. Talvez, até, mais dolorosas do que no celibato. Os psicólogos estão aí para comprová-lo. A doação integral do amor faz parte da condição existencial do Padre. Sendo uma vocação, é a única capaz de realizá-lo como pessoa.
Quem não for capaz disto, por um compromisso total, irrestrito e perpétuo, não é chamado para o sacerdócio, segundo a vivência da Igreja Latina, Ocidental. Rezemos para que Deus nos dê sempre bons e santos Padres, segundo o seu Coração: “A promessa do Senhor suscita no coração da Igreja a oração, a súplica ardente e confiante no amor do Pai de que, tal como mandou Jesus o Bom Pastor, os Apóstolos, os seus sucessores, e uma multidão inumerável de presbíteros, assim continue a manifestar aos homens de hoje a sua fidelidade e a sua bondade” .


Pastores Dabo Vobis, n°82

VOCAÇÃO: UM DESAFIO, UMA CONQUISTA!



Descubra a sua e, certamente, encontrará prazer em realizá-la...

 Conhecemos muitas pessoas que dizem amar sua profissão, seu trabalho e que, até mesmo, o faria sem remuneração. O prazer no cumprimento daquilo que nos identifica sobrepuja qualquer outra necessidade aparente.
Certamente, muitos de nós já ouvimos perguntas como: “O que você vai ser quando crescer?”, “O que você fará após o colegial?”, “Que profissão você seguirá?”. Numa pergunta simples está contido, implicitamente, o desafio de perceber, por meio das nossas habilidades, as leves indicações que demonstrarão nossa simpatia por determinada atividade. Embalados por esta simpatia, somos atraídos em assumir o que, possivelmente, deveremos abraçar como vocação.
Qual seria a incógnita que decifraria os resultados da certeza de nossa vocação? Se esta fosse um organismo vivo, qual seria o código genético que a comporia?  A partir desse momento, assumimos atitudes que auxiliarão na concretização da vivência daquilo que acreditamos ser nosso chamado, ainda que em estágio embrionário.
O contato com pessoas que já têm definidas suas vocações é muito importante para aqueles que ainda vivem seu estado de discernimento. Ao contrário do que poderíamos pensar, uma pessoa que se diz realizada em sua vocação não está isenta de dificuldades e provações; contudo, sente-se investida de uma força que sempre a impulsionará a continuar com alegria na sua caminhada para as novas descobertas.
Para cada um há um chamado que ressoa desde o princípio em nossa alma, um chamado específico para a realização de uma missão também específica. Interessante considerarmos que para determinada missão ninguém poderá nos substituir para o seu cumprimento plenamente, pois, da mesma maneira que eu não teria o zelo de um jardineiro vocacionado ao seu jardim, outros não teriam o mesmo zelo para com aquilo que você foi reservado como missão. 

Incrustada na rocha dos nossos desafios, está a joia da nossa vocação. A cada novo desafio, a cada conquista, fundamenta-se em nosso ser a certeza de que, realmente, estamos lapidando uma pedra de valor ímpar. A dedicação e a persistência, no desejo de levar a cabo o que sentimos, revigoram nossas forças.


*** Formando Presbíteros a Serviço do Povo de Deus!!! *** "Nossa Senhora da Luz, Rogai Por Nós!" ***

Como Você Sente o Chamado ao Sacerdócio?

 
Criação, Desenvolvimento e Formatação: José Luciano Soares