A vida e a missão do
padre devem orientar-se pela identidade presbiteral. Significa que a identidade
do presbítero deve informar toda sua vida e missão, infundindo-lhes valor e
sentido próprios. Ora, os elementos constitutivos da identidade de uma pessoa
são indicados pelo estado de vida e o papel
social; a vocação e a profissão.
A existência sacerdotal
específica dos ministros se funda na existência sacerdotal comum de todos os
cristãos, originada no batismo. Por isso, antes que o sacerdote possa ser enviado
ao seu serviço específico, ele deve mostrar que é um cristão como deve ser.
Realmente, ele só pode ensinar aos outros o ser cristão, se ele mesmo vier a ser
modelo vivo do ser cristão. Nisso,
ele poderá, até mesmo, aprender com outros cristãos. Antes de ser pastor, o
presbítero é uma ovelha do rebanho de Cristo.
Neste sentido, o padre
pode traduzir para si a célebre frase de Santo Agostinho:
‘convosco
sou cristão, para vós sou presbítero'. Para poder ser presbítero para os
outros, é preciso primeiramente ser cristão com os outros.
Na linguagem da Igreja
Católica, o padre recebe vários nomes e é apresentado com várias imagens. Na
Bíblia, dar nome aos seres equivale a designar sua identidade.
Para quem recebe o
segundo grau do Sacramento da Ordem, prevalece hoje a designação de presbítero.
Presbítero designa o ‘ancião’, o
adulto já experimentado na vida, que se tornou sábio, mestre, conselheiro e
guia. De fato, o presbítero deve ser ‘Mestre da Palavra, Ministro dos
Sacramentos e Guia da Comunidade’.
O presbítero é ‘padre’, ‘pai’...
Um homem é pai se
possui as capacidades naturais da paternidade e quando tem filhos. Ao receber o
segundo grau do Sacramento da Ordem, o presbítero recebe as potencialidades da
paternidade espiritual e quando o bispo lhe confere jurisdição designa-lhe um
povo, a fim de que venha a ser dele o ‘Pai Espiritual’, com a função de gerar,
nutrir, educar, organizar e levar à plenitude uma comunidade do Povo de Deus.
O presbítero é ‘sacerdote’...
Porque, em virtude da
Ordenação, ele é consagrado a Deus, entra em estado de exclusiva propriedade do
Senhor, não é mais dono de si mesmo, da sua própria vontade,
pois foi “escolhido para anunciar o Evangelho
de Deus” (Rm 1, 1).
O caráter sacramental
da Ordenação o atinge em tal profundidade, que orienta todo o seu ser e o seu
agir, de modo que ele ‘consagra’ tudo o que faz.
O Presbítero é ‘ministro’ ordenado e sua ação é ‘ministério’...
Ora, ministro é uma
pessoa a quem outra pessoa entregou uma tarefa ou função,
para que a realize, em sua subordinação, mas
com responsabilidade, para o bem da comunidade. No ministério ordenado, há o
encontro de pessoas, em que Cristo entrega ao ministro uma função e este a
recebe e assume, em subordinação responsável, para realizá-la pelo bem da
Igreja.
O presbítero é ‘pastor’ como Cristo-Pastor...
As virtudes pastorais
de Cristo devem vir a ser as virtudes pastorais do presbítero.
A parábola do Bom Pastor (Jo 10, 1-18) pode ser
tomada como texto inspirador. Ela oferece um retrato acabado do Bom Pastor e do
‘verdadeiro pastor do Povo de Deus’.
Finalmente, participando
da missão de Cristo, o vocacionado ao sacerdócio é chamado a ser: a porta, pela qual as ovelhas passam
para escutar a voz do Supremo Pastor; o
mestre, que conhece suas ovelhas e elas o conhecem; o sacerdote, que ama suas ovelhas e dá sua vida por elas; o guia, que conduz suas ovelhas às boas
pastagens, a fim de que tenham vida plena; o
missionário, que vai em busca das ovelhas desgarradas; o servo, que atua junto às ovelhas, não para servir-se delas, mas
para servi-las, com misericórdia.
Tenha sempre diante dos
olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir, e
para buscar e salvar o que estava perdido.
Dom Antônio Carlos Félix
Bispo
Diocesano de Luz